Dia de florir.

Hoje inicia-se a primavera no hemisfério sul do nosso planeta.

Primavera é um período de rejuvesnecimento da natureza, é quando ela se dá a chance de refazer as coisas, começar de novo. E você, eu, seu colega de trabalho, seu parceiro, sua parceira, somos todos parte da natureza.E, (apesar de alguns que ainda não entendem isso), que bela parte é essa que somos!

A partir de hoje os dias ficarão mais azuis, mais verdes, mais coloridos…. Já existe uma atmosfera renovadora no ar, perceba. Mesmo que vc esteja no centro da cidade (como eu), ou num escritório cinza, ou se cinza está a sua mente, o seu coração…. Para um pouco de fazer o que está fazendo… Olha para o céu, repara numa árvore, na planta que pode estar ai perto de você…. Silenciosamete eles sussuram: “vida!”

Problemas, de qualquer ordem, todos temos. Ás vezes parece que saímos de um para entrar em outro. Mas os revezes são as provas da vida, meu amor. Se você nasceu e está aqui, nesse planetinha azul, lindo e conturbado, considere-se uma pessoa de sorte. Você está tendo chances e é dotado de inteligência, uma inteligência que serve para fazer você aprender e ficar uma pessoa melhor. Não, não se engane: uma vida plena não é aquela sem problemas, mas sim, aquela onde você sabe como lidar com eles.

Chico Xavier dizia assim: “Deus nos concede, a cada dia, uma página de vida nova no livro do tempo. Aquilo que colocarmos nela, corre por nossa conta.” Então, para que seu livro do tempo tenha páginas floridas, com belas ilustrações (afinal, não é só criança que gosta de livro com belas figuras), que neste primeiro dia de primavera, o primeiro lugar que floresça seja sua mente.

Beijo de flor do campo.

PS: Por que é que sempre que eu escrevo pra vocês, acabo dizendo coisas para mim mesma?

Virando a folhinha…

E assim, chega setembro…

O mês que inicia a primavera…

Os dias já não são tão frios e quando faz calor é tão agradável…

Dentro de mim também há um prenúncio de primavera, ainda que o inverno tente abafa-la. Mas ela vem… A seu tempo, mas vem.

E o exagero nas reticências desse breve texto é a confirmação dessa expectativa.

Um homem chamado Gamal Seif

gamal

No domingo passado houve o festival de danças árabes Lumina Qamar, organizado pela Luciana Midlej e Melinda James, do Estúdio Mosaico, aqui do Rio. Muito bem feito, esse festival  contou com a presença de diversos grupos e bailarinos daqui do estado, e também com a presença de bailarinos from Salvador,  Gal Sarkis e meu irmãozão, Marcos Ghazalla – que, diga-se de passagem, arrasou na mostra.

O evento durou o dia inteiro e de noite houve o show de gala. Nele, dançaram Lulu e Gamal. Lulu dispensa comentários… Brilhou e mostrou, como sempre, porque ocupa o posto que tem na dança.

Foi a primeira vez que vi Gamal dançar ao vivo. E um dos números que ele fez foi a Tanoura. Antes dele entrar em cena, Lulu leu um texto inspirador, que falava sobre Deus e oração. Então, o teatro todo fez silêncio e Gamal entrou. Após um breve momento de concentração ele começa sua dança…

A Tanoura, estruturalmente, é uma dança feita de giros. As saias sobrepostas que o bailarino usa são retiradas pouco a pouco. Não sei ainda o significado delas, tampouco  o critério pelo qual elas são retiradas. Mas isso, honestamente, naquele momento, não fez diferença para mim.

O que eu senti durante aquela dança, eu nunca havia sentido antes.

Foi como se eu estivesse entrado no transe, junto com o Gamal… A música, que antes era sentida apenas pelos ouvidos, passou a ser sentida em todo o meu corpo. A percussão explodia no meu peito. Eu fiquei completamente hipnotizada.

Ao final da dança, muito emocionada, mal consegui aplaudir. Sentia uma vontade de chorar. E chorei, muito. Pensei no último ano que vivi e como me coloquei distante da dança. Não fiz nenhum work, quase não estudei, me isolei. O processo que me levou prá dentro dessa ‘concha’  foi muito complexo e não vale a pena descreve-lo aqui. Mas eu senti que ali, naquela noite, diante daquele homem fantástico, este processo se acabava.

Nesse abraço, quase que choro de novo!

Nesse abraço, quase que choro de novo!


Por meio de Gamal eu pude retomar a minha consciência na dança, do meu papel como bailarina, como professora de dança. Embora tenha sempre trabalhado com a arte, eu não encaro dança como trabalho. Dança é parte de constituição do meu ser, e é a parte que me traz de volta ao eixo, ao equilíbrio. Dividir o que eu sei com meus alunos faz eu me sentir viva. Ver que o que eles aprendem os ajuda a reelaborar a ideia que tem sobre si próprios e,  assim, lhes garantir melhor qualidade de vida, é de um prazer indescritível. Alimenta a alma, não há cachê ou salário que pague.

Então dança, eu tô voltando. Para os teus braços, para o teu colo, para o teu palco!

Vivi.


Não é o vídeo do dia que descrevo. Mas é uma palhinha do que vem a ser tanoura para os que desconhecem.

ps: Obrigada, Gamal!