O Passarinho.

Admiro, devotamente, os escritores que conseguem definir em poucas linhas a vida. Eles me ajudam a entende-la melhor.

Estou (re)descobrindo Mario Quintana. Moro na mesma rua onde existe uma Casa de Cultura que leva o seu nome (e por sinal, lugar delicioso de passar umas horinhas, tomando um chocolate quente…). Tenho xeretado coisinhas ali com alguma frequencia. No acervo desse escritor e poeta, tenho a oportunidade de ver seus objetos pessoais e lembranças de seus quase 87 anos de vida. Uma viagem – deliciosa – no tempo.

Mas me demoro mesmo é em seus escritos….Adoro ler seus versos, poemas e breves análises da vida. E percebo que alguns de seus poemas e pensamentos estão de mãos dadas com o que penso e percebo do mundo. Trouxe alguns deles pra cá, pra você degustar e quem sabe se identificar com algum, assim como eu.

“Não me ajeito com os padres, os críticos e os canudinhos de refresco: não há nada que substitua o sabor da comunicação direta.”

“A arte de viver é simplesmente a arte de conviver … simplesmente, disse eu? Mas como é difícil!”

“A preguiça é a mãe do progresso. Se o homem não tivesse preguiça de caminhar, não teria inventado a roda.”

“Dizes que a beleza não é nada? Imagina um hipopótamo com alma de anjo… Sim, ele poderá convencer os outros de sua angelitude – mas que trabalheira!”

“O tempo é um ponto de vista. Velho é quem é um dia mais velho que a gente…”

“Os verdadeiros analfabetos são os que aprenderam a ler e não lêem.”

“O café é tão grave, tão exclusivista, tão definitivo
que não admite acompanhamento sólido. Mas eu o driblo,
saboreando, junto com ele, o cheiro das torradas-na-manteiga
que alguém pediu na mesa próxima.” (esse verso ele fez para mim, rs.)

“Se me esqueceres, só uma coisa, esquece-me bem devagarinho.”

“Todos esses que aí estão
Atravancando meu caminho,
Eles passarão…
Eu passarinho!”

E para finalizar…

“Um bom poema é aquele que nos dá a impressão de que está lendo a gente … e não a gente a ele!”