Sobre aquela questão de sempre….

Trazendo para o Balaio o humor das palavras de Fabricio Carpinejar sobre um assunto de muita pertinência entre os meninos…Já broxou?

O homem pode ser tão gentil que se desfaz na bebida para não culpar a mulher pela broxada. A mulher é tão educada que faz de conta que acredita.

Na adolescência, tinha a parceria de Ferrugem nas noitadas. Todo mundo teve um colega chamado Ferrugem. Ou um fedelho na escola chamado Alemão. É uma obrigação constitucional.

Ferrugem contrariava nossos amigos dizendo que não bebia para tornar qualquer mulher atraente, e sim para esquecer seu rosto e atrair as mulheres.

Admirava essa abnegação. Pena que Ferrugem terminava a noite abraçando a privada. De qualquer maneira, ele foi meu herói. Um herói de um final triste.

Talvez tenha vivido para contar sua história e me inventar nela. Já que bebia e me esquecia de tudo, não apenas do meu rosto.

É certo que, desde essa época, eu me preocupo em não usar pijama. Foi um juramento: a impotência viria com o uniforme noturno. Com aquele lençol listrado. Com aquela fronha de corpo.

Deu certo, nunca broxei, o que no fundo me assusta pensando nos debates familiares na boca da churrasqueira. Os tios avisavam: quanto mais cedo broxar, melhor. O homem somente é homem depois que murcha uma vez.

Não decodificava a mensagem – espécie de criptograma Desafio Cobrão. Como a catapora e a caxumba, será que acontece uma vez e não volta? Ou o marmanjo se acostuma com o fato?

Há teorias que não preciso viver para comprovar. Assim como não emprego hipoglós para assadura em minha bunda. Vá que o dedo deslize.

Evitei a contaminação cultural. E o contágio simbolizava botar pijama. Imaginava que o impotente se fardava de pijama azul bebê.

Na minha concepção, macho dependia da velocidade do zíper. Abusar de botões e boca de sino é se aposentar. O próximo passo é aceitar pantufas e transar de meias. O último ato é cantar Julio Iglesias de roupão branco.

Cuido para não ser devorado pelos caprichos.

É o mesmo que sonhar com uma orgia numa banheira de hidromassagem. É tentador, inclusive com as barras laterais para armar acrobacias. Mas não caía na miragem de motel. Relaxamos demais para endurecer. A água quente é LSD natural. A única coisa que levantará da superfície é a bolha de espuma.

Passei a dormir com roupas velhas. Abrigos puídos, cansados do futebol. Preservava as camisas novas e puxava aquelas recusadas do fundo da pilha no armário. Como preferida, escolhia a que recebi de uma campanha de vereador.

Temos somente camisetas de vereadores que nunca foram eleitos e que não votamos. E de três eleições atrás. E com o rosto impresso numa litografia tosca. E com um número derrotado que não serviria sequer para ganhar na loteria.

Realmente não broxava. Com a careta do eterno candidato no peito, quem broxava era minha namorada.

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E feliz Dia dos Pais para vc que não usa camiseta de vereador! 😀