Desfazendo malas e organizando a vida

Gosto de arrumar malas. Não gosto de desfazê-las.  Retirar peça por peça me faz recordar os momentos da viagem, o que eu fazia, com quem, onde… Se já sou nostálgica por natureza, esse processo acentua mais ainda a nostalgia. Aí dá vontade de voltar.

Mas é bom voltar pra casa e deitar na minha cama, cozinhar na minha cozinha, abrir a minha geladeira, ver a minha TV. Ninho é ninho.  É bom voltar para ele depois de um tempo ausente, ainda que esse tempo tenha sido curtinho  mas cujo siginificado esteve  muito além da descoberta de novos lugares.

Foi a partir desse pequeno ‘intervalo’ que pude repensar algumas coisas e decidi reelaborar minha postura diante da vida e, sobretudo,  de mim mesma. Parecido com o processo de desfazer as malas, onde a gente separa aquilo que vai lavar daquilo que volta para a gaveta, voltar à rotina depois de um descanso nos dá a possibilidade de ve-la de uma nova forma,  descartando uma coisa, lavando outra e guardando as demais na gaveta….

Perdoe-me se estou sendo subjetiva. Na verdade, o post de hoje é mais uma conversa comigo mesma do que com outro. E opto em registrar esses pensamentos e determinações porque assim os torno ‘materiais’. Tornando-os visíveis tenho onde buscar motivação quando estiver esmorecendo dos objetivos que coloquei para mim.

Tipo lembrete, saca? 😉

De vez em quando…

É preciso ir contra a própria vontade.
Fingir que não ouviu nada e que não entendeu o que leu.
De vez em quando é bom mostrar os dentes. Mas não na forma de sorriso.

De vez em quando analise quem realmente é seu amigo. E tenha como termômetro as atitudes dessa pessoa com você e não só o que sai da boca dela. Aliás, tenha sempre cuidado com palavras bonitas, pois são poderosas armas sedutoras, cafuné na cabeça de quem está carente.

Não negligencie o sinal de alerta quando ouvir “amo você” de alguém que cuja amizade está apenas no início. Amor é um sentimento que leva tempo para que tenhamos plena consciência dele. Na grande maioria das vezes nós apenas gostamos muito das pessoas.

De vez em quando fique de boca fechada. E ouça a voz baixinha da intuição. Tem gente que não aprende com conselho alheio porque precisa viver – e sofrer – para crer. O tempo de cada um é diferente. Da mesma forma tenha atenção com os bonzinhos demais, prestativos demais, altruístas demais. Porque estão clamando por aceitação, mas não estão do lado de ninguém, só do próprio.

De vez em quando discorde. Até do que eu acabei de escrever.

Reflexão de aniversário.

“Me cansei de lero-lero
Dá licença mas eu vou sair do sério!
Quero mais saúde!
Me cansei de escutar opiniões
de como ter um mundo melhor.
Mas ninguém sai de cima, nesse chove não molha,
eu sei que agora eu vou é cuidar mais de mim!”

(Saúde – Rita Lee e Roberto de Carvalho)

Então é isso: hoje emplaco idade nova. Turbino o motor. Agora são 3.8 cavalos de potência.

Vou passar o dia com minha filha, vamos almoçar num lugar legal, quem sabe me dou de presente uma massagem caprichada, com pedras quentes, óleos aromáticos, huum… Tô bem precisada.

É estranho me ver com 38 anos. Me olho no espelho e não vejo a ‘senhora’ que eu achava que seria. Nem na cabeça, ainda tenho ideias fervilhando na mente, uma sede de vida como a que tinha aos 17, 18 anos. Acho que ainda sou meio pateta. Mas também acho que estou melhor hoje do que há 10 anos. Tudo bem que nessas quase 4 décadas de vida, nem tudo aconteceu como eu queria, mas enfim, deve ter tido algum motivo para tal. Aliás, alguns dos motivos eu já entendo. Mas sou inconformada, sabe… Por isso ainda corro atrás de um monte de coisa.

Eu quero paz, em todos os sentidos e de todas as formas, sobretudo para as coisas que me fazem o coração acelerar de um jeito que não é muito bom. Quero rever algumas pessoas e conversar longamente com elas… Quero ver quem eu amo feliz e cheio de saúde. Quero continuar sendo útil e quando eu já não mais for, que eu vá sem demora para outro plano.

Gosto de estar mais madura e ter mandado embora as nóias dos meus 22, 23 anos… É bom ser mais sabida, a gente não desperdiça energia. Mas de vez em quando… Ah, de vez em quando eu tenho uma gana de fazer umas travessuras, umas doidices meio ridículas, meio sem noção. Tudo por causa de uma garotinha que habita a minha mente (ou seria o coração? Ah, tanto faz!). Ela corre pelos corredores das minhas lembranças, dos meus afetos e a despeito de quanto tempo tenha esse corpo que escreve a vocês agora, vira e mexe abre as gavetas dos meus sonhos, bagunça o meu juízo e manda para o beleléu a minha pose de bem comportada. Claro que como a adulta da relação sou eu, logo a mando sentar e ficar quietinha. Mas sabe como é criança curiosa, o sossego dura pouco.

E à essa garotinha eu nego, terminantemente, a crescer.

A sina dos carangueijos….

Ô inferno astral esse que eu tô passando viu! O pior de todos os meus invernos.

Ás vezes, quando eu leio o que escrevem sobre cancerianos não sei se choro ou se rio. Acho bom pertencer ao signo “mais amigo” de todo o zodíaco, mas também é o signo mais ‘emo’, mais chorão, mais manteiga derretida que pode existir.

E eu não nego a raça, sou chorona prá c…. Falar que choro em filme é banal. Eu chorei com o comercial da Renner p/ os Dia das Mães desse ano. Eu choro vendo dança. Eu choro quando eu me declaro que gosto muito de alguém. E dependendo do teor da mensagem que a Ana Maria Braga dá no seu programa, as lágrimas saltam.

E pra ficar melhor, além de canceriana sou artista, eu danço, agora dei de escrever e sou bisneta de italianos. Isso me faz ter um lado teatral pulsante e uma facilidade shakespeariana pra fazer um drama. E comédia também. Sobretudo quando eu bebo meu bom e velho vinho ninguém segura a ‘drag’ que emerge do meu ser… Depois eu fico morrendo de vergonha.

Noutro dia, no Twitter, li umas coisas engraçadinhas sobre o jeito de ser dos nativos desse signo, espia:

“a maior alegria que um canceriano pode ter é passar o domingo esparramado no sofá da avó, ouvindo a familia fofocar o dia todo.” (pior que é…)

“cancerianos sempre tentam relacionar a música com algum sentimento profundo. Arghhhh”
(ahan..)

“cancerianos fingem estar introspectivos mas na verdade estão loucos pra alguém dar atenção.”
(pô, não espalha…)

“Nunca faça piadas maldosas com cancerianos, eles podem ficar magoados……PRA SEMPRE!
” (pra sempre.)

“Se você é canceriano de verdade sabe persuadir alguém a ficar com dó de vc com facilidade….” (sei não…)

“Ficamos magoados quando não somos compreendidos, e ao invés de falar , choramos mudos.”
(…e muito.)
(twitts da @sercanceriano)

Como você pode perceber, ser canceriano cansa demais. Muito sentimento, muita emoção pra dar conta. Ainda por cima tem o passado buzinando na memória da gente. O que me equilibra de vez em quando é o meu ascendente em Capricórnio, ele me faz parar pra pensar, racionalizar. Se não fosse assim, achoque nem eu mesma me aguentaria!

Botando mais bom humor na conversa, dá uma olhada nesse vídeo com o super talentoso Evandro Santo, o Christian Pior. Nada sério, viu? Só uma brincadeira de quem é curioso sobre o assunto.

Beijo e boa semana prô cêis!

“Me diga, com toda honestidade…”

Escrever aqui é um prazer, uma forma de ventilar as minhas ideias, ou melhor, de dar formas, cores e imagens à elas. Venho aqui quando tenho vontade e como vocês podem perceber, tenho tido muita vontade! rs…

Mas-porém-contudo-todavia, nessa semana escolhi ficar um pouco recolhida. Não, nada a ver com aquela coisa da introspecção canceriana. É que na semana que vem fecho mais um ano de vida, e como todo final de etapa costumo fazer uma análise da minha vida, do meu relacionamento com as pessoas que entraram nela no último ano, as que saíram, daquilo que realizei ou deixei de realizar, essas coisas. Talvez com você seja assim também, não sei.

O interessante é que quando estou nessa fase de ‘balanço’ ao relembrar o último ano é comum notar que certos acontecimentos que vivi giraram em torno do mesmo ‘tema’. Isso me dá a impressão de que cada ano de vida meu tem um aspecto que se desenvolve mais do que os outros. Nesse último ano eu sinto que esse aspecto foi o da honestidade com o subtítulo: como ser honesta sem machucar o outro.

(Assumo que minha análise ainda não se fechou e por isso o que vou lançar aqui não passa de algumas conjecturas, rs…)

Ser honesto é dizer a verdade? E se a verdade for muita dura e causar um mal, como faz? Estamos sendo realmente honestos com a gente mesmo quando pedimos ao outro que nos diga com-toda-honestidade o que pensa sobre nós? Gostamos da honestidade nua e crua em cima da mesa, escancarada, apontando o dedo na nossa cara? Gostamos?

Não, não precisa responder essas perguntas agora…

Eu tenho pra mim que ser honesto com o outro sem machuca-lo é uma arte que apenas alguns dominam. Já vi muita gente honesta ser um poço de grosseria ao dizer “as verdades” que julga saber sobre o outro (como se fossemos todos assim, muito fáceis de serem decifrados!). Ela diria, provavelmente: “Mas estava sendo honesta, ora bolas, tente compreender. Melhor assim do que iludir o outro com meias-verdades!”

Tá, tem lógica esse pensamento. Eu já fiz isso e entendo. Já disse ao outro o que me veio à cabeça e tinha certeza de que no final ele me agradeceria por ter-lhe ‘aberto os olhos’. Mas eu não abri, arrisco dizer que os fechei ainda mais. A minha forma de dizer foi aguda, doeu e aquele ser já estava fragilizado. Existe um possibilidade remota de que, na ocasião, ele não desejasse tanto assim a minha honestidade, mas eu quase não considero isso e intuo que a responsabilidade foi minha.

A relação entre eu e essa pessoa estremeceu e mesmo mantendo a conversa nossa amizade nunca mais foi tão próxima. Por causa disso eu revi a minha maneira de dizer certas coisas. Continuo achando que é preferível dizer o que se pensa a alimentar uma fantasia, mas hoje trato mais da forma de como dizer essa ‘verdade’ (trago verdade entre aspas, por se tratar de um conceito relativo. O que é verdade para mim, pode não ser para você).

Existe um ditado, meio piegas, que diz assim: “antes de disparar a flecha da verdade, passe um pouco de mel na sua ponta”. Tenho me orientado por ele, porque percebo que tem dado mais resultado e menos mágoas. As pessoas querem que lhes sejam honestas sim, mas seu desejo de serem compreendidas é bem maior.

Ser humano dá um trabalho…

Passarinho que sai do ninho.

Sinto muita vontade de voltar a ficar perto da minha família – e por família entendo todos aqueles que possuem laços de sangue comigo: não só pais , irmãos e avós como também primos de todos os graus, tios… Existem os laços que não são de sangue e que também constituem uma família, mas assim como os primeiros, esses merecem um post dedicado à tão somente eles, pois são, igualmente, especiais e imprescindíveis.

Voltando, embora estar no seio familiar seja bom e cômodo, reconheço o quanto foi importante para mim sair desse porto seguro. Melhorou o meu relacionamento com todos porque ‘de longe’ foi possível observa-los melhor e compreender o porquê de seus atos. Não ter seu socorro imediato foi o que me fez verdadeiramente crescer e me reconhecer. Como toda saída de ninho, em alguns momentos senti medo, mas não me vi perdida. Tive bases boas, bem construídas e isso fez toda diferença.

É certo que às vezes me pego discutindo com algum deles por enxergar algo que os mesmos não veem – ou veem, mas ainda de forma nublada, atrapalhada. Muitas vezes ouço ‘mas vc não mora mais aqui, não sabe’, numa fala equivocada… Eu sei e como sei. Certas coisas não mudam nunca. Toda família tem uma melodia que toca sempre da mesma forma e que mesmo o filho desgarrado , ops, a filha nesse caso, escuta e sabe acompanhar, mas busca acrescentar notinhas diferentes na conhecida melodia.

Morar longe da família é constatar – felizmente ou não, depende de cada caso – que ela nunca sai de dentro de nós e por isso buscamos, inconscientemente ou não, no rosto dos desconhecidos e nos lugares que vamos, identificações ou lembranças daqueles que nos viram crescer. Morar longe da família é saber viver sem um colo que é sempre certo. É viver consigo mesmo, onde se é, muitas vezes, o colo do colo que queremos ter.