Escrever aqui é um prazer, uma forma de ventilar as minhas ideias, ou melhor, de dar formas, cores e imagens à elas. Venho aqui quando tenho vontade e como vocês podem perceber, tenho tido muita vontade! rs…
Mas-porém-contudo-todavia, nessa semana escolhi ficar um pouco recolhida. Não, nada a ver com aquela coisa da introspecção canceriana. É que na semana que vem fecho mais um ano de vida, e como todo final de etapa costumo fazer uma análise da minha vida, do meu relacionamento com as pessoas que entraram nela no último ano, as que saíram, daquilo que realizei ou deixei de realizar, essas coisas. Talvez com você seja assim também, não sei.
O interessante é que quando estou nessa fase de ‘balanço’ ao relembrar o último ano é comum notar que certos acontecimentos que vivi giraram em torno do mesmo ‘tema’. Isso me dá a impressão de que cada ano de vida meu tem um aspecto que se desenvolve mais do que os outros. Nesse último ano eu sinto que esse aspecto foi o da honestidade com o subtítulo: como ser honesta sem machucar o outro.
(Assumo que minha análise ainda não se fechou e por isso o que vou lançar aqui não passa de algumas conjecturas, rs…)
Ser honesto é dizer a verdade? E se a verdade for muita dura e causar um mal, como faz? Estamos sendo realmente honestos com a gente mesmo quando pedimos ao outro que nos diga com-toda-honestidade o que pensa sobre nós? Gostamos da honestidade nua e crua em cima da mesa, escancarada, apontando o dedo na nossa cara? Gostamos?
Não, não precisa responder essas perguntas agora…
Eu tenho pra mim que ser honesto com o outro sem machuca-lo é uma arte que apenas alguns dominam. Já vi muita gente honesta ser um poço de grosseria ao dizer “as verdades” que julga saber sobre o outro (como se fossemos todos assim, muito fáceis de serem decifrados!). Ela diria, provavelmente: “Mas estava sendo honesta, ora bolas, tente compreender. Melhor assim do que iludir o outro com meias-verdades!”
Tá, tem lógica esse pensamento. Eu já fiz isso e entendo. Já disse ao outro o que me veio à cabeça e tinha certeza de que no final ele me agradeceria por ter-lhe ‘aberto os olhos’. Mas eu não abri, arrisco dizer que os fechei ainda mais. A minha forma de dizer foi aguda, doeu e aquele ser já estava fragilizado. Existe um possibilidade remota de que, na ocasião, ele não desejasse tanto assim a minha honestidade, mas eu quase não considero isso e intuo que a responsabilidade foi minha.
A relação entre eu e essa pessoa estremeceu e mesmo mantendo a conversa nossa amizade nunca mais foi tão próxima. Por causa disso eu revi a minha maneira de dizer certas coisas. Continuo achando que é preferível dizer o que se pensa a alimentar uma fantasia, mas hoje trato mais da forma de como dizer essa ‘verdade’ (trago verdade entre aspas, por se tratar de um conceito relativo. O que é verdade para mim, pode não ser para você).
Existe um ditado, meio piegas, que diz assim: “antes de disparar a flecha da verdade, passe um pouco de mel na sua ponta”. Tenho me orientado por ele, porque percebo que tem dado mais resultado e menos mágoas. As pessoas querem que lhes sejam honestas sim, mas seu desejo de serem compreendidas é bem maior.
Ser humano dá um trabalho…
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